Seguinte, prováveis e improváveis visitantes.
Não sei mexer com as configurações do blogger. Ou melhor, já fiz isso sozinha antes e este blog até que era bonitinho visualmente falando mas, fui tentar botar outras cores e tal e, sinceramente, demanda tempo. Produto raro nessa fase de vida.
Desse modo, caro visitante, o blog está em manutenção mas, caso queira, entra, senta, fica à vontade. Fique nú. Dispa dos pré-conceitos.
SENADINHO
quinta-feira, 26 de maio de 2011
domingo, 22 de maio de 2011
Sobre Mangueiras
Jamais vi época de tamanha generosidade e fartura em Rio Branco, como a que vejo na época das mangas. As mangueiras , como se fossem grandes mães, estendem seus galhos carregados por cima de todos os muros. Transgridem o princípio da propriedade simplesmente para oferecer seus frutos aos que por elas passam.
Se a generosidade tiver uma cor, ela bem que poderia ser da cor das mangas espadas, calotinhas, manguitas, coração-de-boi e de tantas outras variedades.
Minha paixão pelas mangueiras nasceu da minha compaixão pela pobreza extrema de grande parte dos habitantes de Rio Branco. Na época desses frutos eles são, em muitos casos, os únicos alimentos diários de muita gente.
Um dia cheguei numa casa coberta apenas com palhas. Os móveis eram caixotes velhos e fazendo o papel de cama, havia uma velha espuma acomodada num canto daquela casa de chão batido.
Crianças havia de sobra naquela casa. Os olhos delirantes sonhavam com um bom prato de comida. Mesmo que fosse apenas farinha e água, já estaria de bom tamanho. Entretanto, nada havia ali que se pudesse comer.
A mãe, sentia pesarosa a situação mas conseguia dar aquele drible emocional que só as mães e outros amores sabem fazer. Toda "animada", ela dizia para as crianças pegarem as latas pois iriam até as mangueiras. “La está muito bom. Tem manga de todo tipo. Uma delícia"! dizia.
Aquela família era apenas uma das dezenas e dezenas de outras famílias em situação semelhante que viviam naquele local. Eu estava ali para entrevistar, mostrar como viviam aquelas pessoas.
Resolvi ir junto com eles para as tais mangueiras já que soube que por aquela hora haveria muita gente por lá.
As árvores estavam próximas dali, numa fazendinha que aos poucos ficou sendo sitiada pela cidade. Havia uma cerca de arame farpado.
Do lado de dentro, uma bucólica pastagem com gados e cavalos maltratados.
Do lado de fora, como num quadro de Van Gogh, a luz e as cores das roupas e os tons das peles das pessoas refletindo a luz do Sol!
Tudo era risadaria, conversa e brincadeira de criançada. As bocas exibiam dentes cravejados de fiapos e as mãos eram um caldo só!
A razão daquela confraternização abençoada, eram as mangueiras. Aos borbotões e em plena fase de gestação e ovários. Afinal, cada manguinha daquela trazia consigo um caroço, destinado a perpetuar a espécie.
A mulher e as crianças foram logo catando as frutas. Comecei também a ajudar e depois de enchermos duas latas com lindas Espadas, nos sentamos para “almoçar”.
Quando a fome foi saciada a conversa fluiu melhor e fiquei sabendo que aquela terrinha pertencia a um colono que não queria estranhos dentro de sua propriedade mas também não se importava que pessoas fossem lá pegar mangas, “desde que elas estivessem do lado de fora da cerca”.
Fiquei ali, com uma manga nas mãos, observando a cena. Ali eu vi o poder da generosidade. As mangueiras e seus galhos que mais pareciam braços, se estendiam gentilmente por sobre a cerca e ofereciam seus frutos àqueles que tinham fome.
Na volta, passando pelas ruas de Rio Branco, não pude deixar de notar a quantidade enorme de mangueiras nos quintais das residências. Todas elas se debruçavam sobre os muros exibindo galhos lotados de mangas. Aquilo alimentou minha alma.
Obrigada, Deus pelas mangueiras.
Se a generosidade tiver uma cor, ela bem que poderia ser da cor das mangas espadas, calotinhas, manguitas, coração-de-boi e de tantas outras variedades.
Minha paixão pelas mangueiras nasceu da minha compaixão pela pobreza extrema de grande parte dos habitantes de Rio Branco. Na época desses frutos eles são, em muitos casos, os únicos alimentos diários de muita gente.
Um dia cheguei numa casa coberta apenas com palhas. Os móveis eram caixotes velhos e fazendo o papel de cama, havia uma velha espuma acomodada num canto daquela casa de chão batido.
Crianças havia de sobra naquela casa. Os olhos delirantes sonhavam com um bom prato de comida. Mesmo que fosse apenas farinha e água, já estaria de bom tamanho. Entretanto, nada havia ali que se pudesse comer.
A mãe, sentia pesarosa a situação mas conseguia dar aquele drible emocional que só as mães e outros amores sabem fazer. Toda "animada", ela dizia para as crianças pegarem as latas pois iriam até as mangueiras. “La está muito bom. Tem manga de todo tipo. Uma delícia"! dizia.
Aquela família era apenas uma das dezenas e dezenas de outras famílias em situação semelhante que viviam naquele local. Eu estava ali para entrevistar, mostrar como viviam aquelas pessoas.
Resolvi ir junto com eles para as tais mangueiras já que soube que por aquela hora haveria muita gente por lá.
As árvores estavam próximas dali, numa fazendinha que aos poucos ficou sendo sitiada pela cidade. Havia uma cerca de arame farpado.
Do lado de dentro, uma bucólica pastagem com gados e cavalos maltratados.
Do lado de fora, como num quadro de Van Gogh, a luz e as cores das roupas e os tons das peles das pessoas refletindo a luz do Sol!
Tudo era risadaria, conversa e brincadeira de criançada. As bocas exibiam dentes cravejados de fiapos e as mãos eram um caldo só!
A razão daquela confraternização abençoada, eram as mangueiras. Aos borbotões e em plena fase de gestação e ovários. Afinal, cada manguinha daquela trazia consigo um caroço, destinado a perpetuar a espécie.
A mulher e as crianças foram logo catando as frutas. Comecei também a ajudar e depois de enchermos duas latas com lindas Espadas, nos sentamos para “almoçar”.
Quando a fome foi saciada a conversa fluiu melhor e fiquei sabendo que aquela terrinha pertencia a um colono que não queria estranhos dentro de sua propriedade mas também não se importava que pessoas fossem lá pegar mangas, “desde que elas estivessem do lado de fora da cerca”.
Fiquei ali, com uma manga nas mãos, observando a cena. Ali eu vi o poder da generosidade. As mangueiras e seus galhos que mais pareciam braços, se estendiam gentilmente por sobre a cerca e ofereciam seus frutos àqueles que tinham fome.
Na volta, passando pelas ruas de Rio Branco, não pude deixar de notar a quantidade enorme de mangueiras nos quintais das residências. Todas elas se debruçavam sobre os muros exibindo galhos lotados de mangas. Aquilo alimentou minha alma.
Obrigada, Deus pelas mangueiras.
sábado, 7 de maio de 2011
Acordes que contribuíram para mudanças históricas no Brasil.
Revisitando fases antigas da Música Popular Brasileira, dei de cara com o rico acervo criado na época dos festivais da antiga TV Record.
A onda musical se contrapunha aos desmandos do regime militar que tomaram conta do país entre os anos de 1964 a 1985. Esse Establishment instaurou no país a ausência de democracia, a supressão de direitos constitucionais, a censura, a perseguição política e a repressão feroz a quem se atrevesse a desvirtuar a ordem imposta.
A sociedade, porém, não se calou.
Aliado aos setores estudantis e de políticos de esquerda, a arte se manifestou contra aquele sistema. Na música, Caetano Veloso entrava em cena para dizer que era Proibido Proibir. Os festivais de música da Record jogavam flashs de luz em Geraldo Vandré, Chico Buarque de Holanda e outros e, inseria na mídia mais popular do país, a televisão, lenha para uma nova ideologia. Uma nova ordem.
Alinhada com movimentos sindicalistas e ajudada pelas comunidades eclesiais da Igreja Católica, a nação brasileira começava a assimilar a necessidade de reação contra a falta de liberdade popular.
O protesto chegava finalmente aos principais interessados: o povo.
Os cantores da época, sensíveis ao chamamento, trataram de disseminar as sonoras idéias. As pessoas cantavam e assimilavam. Caminhavam e cantavam uma nova canção...
Vandré, quando compôs “Pra não Dizer que Não Falei em Flores”, falava de revolução:
“Pelos campos a fome em grandes plantações,
Pelas ruas marchando indecisos cordões...”
Naquela época, as artes, muito mais do que simplesmente entreter, eram responsáveis por formar opiniões, ideais políticos e até mesmo filosofias existenciais. A Tropicália e o Cinema Novo, por exemplo, foram assim...contraculturalmente apresentando um novo caminho a seguir.
Na militância política, a esquerda armada no Brasil também se organizou a partir do golpe militar de 1964, sob influências do socialismo revolucionário, que importou métodos empíricos usados pelos anarquistas espanhóis, portugueses e italianos, que fundaram, no início do século XX, os primeiros sindicatos do País.
O famoso escritor e poeta mineiro, Carlos Drumond de Andrade, perguntou E Agora, José? Embora a pergunta tivesse sido feita nos anos 40, na época da Segunda Guerra Mundial e da ditadura Vargas, Chico Buarque de Holanda trouxe a questão para o período dos “anos de chumbo”, e de novo perguntou. E Agora, José?
Sempre denunciando o abuso do poder político e econômico, Chico Buarque também falaria, em 1971, sobre os descasos para com o proletariado, principal força de trabalho nacional, quando um trabalhador morre na contramão atrapalhando o sábado. A música é “Construção”, composta por ele mesmo e é de caráter narrativo.
O protesto gritado por quase todos os setores sociais conduzem a uma época de abertura, em 1985, quando os militares começam a se retirar de cena.
O Brasil se volta ao planejamento anteriormente programado pelas multinacionais, antes do Golpe de 64, quando tentaram teleguiar o presidente eleito Janio Quadros. A manobra dá errado e Jânio renuncia logo após seu primeiro ano de mandato.
Entre mortos e feridos o Brasil segue pela via do capital. Grandes multinacionais aqui se instalam, geram empregos, as cidades crescem, se cosmopolizam.
Por outro lado o jogo entre exploradores e explorados continua igual e o grito na boca dos críticos descontentes ensaia sempre novos versos.
Na contemporaneidade, vivo o presente dado por um anjo, chamado Gabriel o Pensador. Pra mim ele é um dos senhores do movimento. Querubim afiadíssimo a jogar “leite na cara dos caretas”.
O Hip Hop e suas vertentes são a mais literal tradução da fome social cosmopolita. O Pensador que o diga!
Partindo para a análise sem maiores pretensões da música “Até Quando”, podemos ver a nova cara do Brasil.
O artista, numa linguagem direta e de fácil interpretação, incita a juventude a novas ideologias e à ação.
Através de frases que começam com “Você pode, você deve, pode crer” ele nos convida a prosseguir e a dizer um sonoro “não” à ordem política e econômica dominantes.
Como crítico social alerta para males do tipo vícios, roubos, marginalização e passividade.
A onda musical se contrapunha aos desmandos do regime militar que tomaram conta do país entre os anos de 1964 a 1985. Esse Establishment instaurou no país a ausência de democracia, a supressão de direitos constitucionais, a censura, a perseguição política e a repressão feroz a quem se atrevesse a desvirtuar a ordem imposta.
A sociedade, porém, não se calou.
Aliado aos setores estudantis e de políticos de esquerda, a arte se manifestou contra aquele sistema. Na música, Caetano Veloso entrava em cena para dizer que era Proibido Proibir. Os festivais de música da Record jogavam flashs de luz em Geraldo Vandré, Chico Buarque de Holanda e outros e, inseria na mídia mais popular do país, a televisão, lenha para uma nova ideologia. Uma nova ordem.
Alinhada com movimentos sindicalistas e ajudada pelas comunidades eclesiais da Igreja Católica, a nação brasileira começava a assimilar a necessidade de reação contra a falta de liberdade popular.
O protesto chegava finalmente aos principais interessados: o povo.
Os cantores da época, sensíveis ao chamamento, trataram de disseminar as sonoras idéias. As pessoas cantavam e assimilavam. Caminhavam e cantavam uma nova canção...
Vandré, quando compôs “Pra não Dizer que Não Falei em Flores”, falava de revolução:
“Pelos campos a fome em grandes plantações,
Pelas ruas marchando indecisos cordões...”
Naquela época, as artes, muito mais do que simplesmente entreter, eram responsáveis por formar opiniões, ideais políticos e até mesmo filosofias existenciais. A Tropicália e o Cinema Novo, por exemplo, foram assim...contraculturalmente apresentando um novo caminho a seguir.
Na militância política, a esquerda armada no Brasil também se organizou a partir do golpe militar de 1964, sob influências do socialismo revolucionário, que importou métodos empíricos usados pelos anarquistas espanhóis, portugueses e italianos, que fundaram, no início do século XX, os primeiros sindicatos do País.
O famoso escritor e poeta mineiro, Carlos Drumond de Andrade, perguntou E Agora, José? Embora a pergunta tivesse sido feita nos anos 40, na época da Segunda Guerra Mundial e da ditadura Vargas, Chico Buarque de Holanda trouxe a questão para o período dos “anos de chumbo”, e de novo perguntou. E Agora, José?
Sempre denunciando o abuso do poder político e econômico, Chico Buarque também falaria, em 1971, sobre os descasos para com o proletariado, principal força de trabalho nacional, quando um trabalhador morre na contramão atrapalhando o sábado. A música é “Construção”, composta por ele mesmo e é de caráter narrativo.
O protesto gritado por quase todos os setores sociais conduzem a uma época de abertura, em 1985, quando os militares começam a se retirar de cena.
O Brasil se volta ao planejamento anteriormente programado pelas multinacionais, antes do Golpe de 64, quando tentaram teleguiar o presidente eleito Janio Quadros. A manobra dá errado e Jânio renuncia logo após seu primeiro ano de mandato.
Entre mortos e feridos o Brasil segue pela via do capital. Grandes multinacionais aqui se instalam, geram empregos, as cidades crescem, se cosmopolizam.
Por outro lado o jogo entre exploradores e explorados continua igual e o grito na boca dos críticos descontentes ensaia sempre novos versos.
Na contemporaneidade, vivo o presente dado por um anjo, chamado Gabriel o Pensador. Pra mim ele é um dos senhores do movimento. Querubim afiadíssimo a jogar “leite na cara dos caretas”.
O Hip Hop e suas vertentes são a mais literal tradução da fome social cosmopolita. O Pensador que o diga!
Partindo para a análise sem maiores pretensões da música “Até Quando”, podemos ver a nova cara do Brasil.
O artista, numa linguagem direta e de fácil interpretação, incita a juventude a novas ideologias e à ação.
Através de frases que começam com “Você pode, você deve, pode crer” ele nos convida a prosseguir e a dizer um sonoro “não” à ordem política e econômica dominantes.
Como crítico social alerta para males do tipo vícios, roubos, marginalização e passividade.
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quinta-feira, 5 de maio de 2011
segunda-feira, 25 de abril de 2011
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